segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Queria que eu parecesse menos
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Acho que Deus disse pra alguém: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida"
Beleza, você merece essa verdade por direito, afinal de contas, eu a construí pensando em te dar. Não é uma verdade pra mim, é pra você. Se fosse pra mim, eu até poderia não querer te dar. Mas como é pra você, e isso se ocorreu com o meu consentimento, eu não preciso, eu não quero, mas eu devo te dar. Se tornou um direito seu. E todos nós temos direito à verdade (né?). Tá lá na constituição do nosso país (eu acho). Que fim você vai dar a ela (sim, você tem o manejamento parcial agora), não interessa. Não interessa a quem vê de fora, porque a mim, que a construí pra você, importa, mas não deve ser tanto se eu for sensato pra entender que agora ela é sua.
Nota: O texto é uma elucubração sobre a verdade e suas relações. Já o título é mais uma piada infame estimulada pela minha falta de inspiração na hora de nomear o texto e por uma conversa via net com um amigo que gosta de redes e mato com dendê. E que acabou fornecendo um sentido inesperado pro texto também. Mas enfim.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Disco novo da Iguana na praça (suja)

Como a maioria da galera deve saber, eu sou fã incondicional do velho rapazote mostrador de pentelhos e ex-auto-flagelador. Se a palavra "punk" consegue abranger alguma gama de significados e possibilidades, é em Iggy Pop que ela o consegue com maior propriedade. E fervor! Pra deixar a mistura pronta pra explodir!
Acabo de escutar esse álbum-bebê entitulado "Preliminaires" e confirmo algumas críticas que li feitas a ele. É um álbum MUITO diferente da música que Iggy sempre fez. Tá tudo num viés de calmaria e luxo, ao contrário da acidez agressiva e passional característica de anos da Iguana. Muito pouco de rock puro, e muito de jazz, música francesa, blues e até um versão em inglês pra "Insensatez" do Tom Jobim! Muito bom! Iggy já vinha vez ou outra passeando por esses caminhos jazzísticos - que logo me lembram pessoas bebendo, fumando e jogando poker em Las Vegas - há um tempo. Mas nada muito concreto. Agora parece que ele resolveu pôr todas as cartas do baralho na mesa. E joga bem o cara, viu?
Taí o link pra entrar pro grupo de usurpadores prévios da (ainda) iguaria (link provavelmente temporário sabendo-se que já já dão fim nele):
http://www.downloadingall.org/2009/05/d-download-iggy-pop-preliminaires-2009
Se joguem!
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Semi-mentos
"Cara, eu até concordaria com você se eu não achasse que as duas coisas não são desgarradas" - imediatamente retrucou.
Ao passar pela rua anteontem atravessada em meio a carros desgovernados dirigidos por motoristas febris (todos eles, sem excessões), ele dispunha de uma auto-confiança que por vezes era súbita, menos vezes do que era constante. Naquela hora, a imprevisibilidade desse sentimento não serviu de nada, mas durante uma sessão com sua psicóloga de anos, situação essa que costumava ser comportadora de sua auto-confiança em seu caráter constante, ele percebeu o quão positivamente disruptivo pode-se ser ao sentirmos coisas novas.
Dentro de casa, 2 dias antes de sua consulta, sua semi-amiga justificou o seu desgarro. A culpa foi da cama quebrada há meses ou da repentina decisão de conserto? Ela respondeu.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Enfiando minha cabeça no rádio - Parte II

Sexta-feira, dia do show. O café da manhã por conta do hotel tinha seu prazo até às 10 da manhã. O celular programado tocou às 9. Acordamos e fomos prontos pra comer o máximo que pudéssemos, a fim de não termos fome por um bom tempo e assim pouparmos grana. Acho que conseguimos. Depois, saímos pra dar uma volta pelo bairro, fomos numa dessas feirinhas que vendem de tudo, e eu estava atrás de uma camisa que não tivesse estampas, de cor branca, pra poder escrever em letras garrafais: "CABEÇA DE RÁDIO". Era assim que eu queria ir ao show. Comprei uma camisa e depois de comprar um pote de tinta pra tecidos que eu não sabia que demoraria 72 horas pra secar, peguei uma caneta e improvisei daquele jeito mesmo. Fiz "CABÊÇA DI RÁDJU" por influência de Pedro. Ficou bonito, eu achei. Meio pop art. Talvez o Andy Warhol gostasse, haha. Os portões da Praça da Apoteose estavam previstos pra abrir às 4 da tarde, que foi a hora que chegamos por lá. Uma fila enorme, formada em sua maioria por pimbas de todo tipo - a gente até tirava onda dizendo que tava no ENAPIM (Encontro Nacional dos Pimbas) - , supostos fãs do Radiohead, Los Hermanos ou Kraftwerk. Um cambista-de-lugares-em-filas tentou nos vender uma posição privilegiada. 15 reais por cabeça. Não, obrigado, fomos pro final mesmo. A fila quase arrodeava o quarteirão, mas a gente foi. Ao nosso lado, vejam só que coincidência, conhecemos um casal aracajuano. Conversamos um pouco, moram na Atalaia, se não me falha a memória, coisa que ela faz com certa frequência. Pouco depois, chegou o pessoal de Fortaleza que conhecemos na última noite. Ficamos conversando, bebendo umas cervejas, até a hora em que finalmente que abriram os portões, às 5 da tarde, mais ou menos. Foi uma loucura! Foi bonito também. Gente correndo, se batendo, caindo. Todos queriam uma posição digna diante do palco. E a gente no meio da loucura, é claro. Nesse momento, pude perceber o quão doloroso é ser sedentário nessas horas. Preciso voltar a fazer alguns exercícios físicos. Mas o esforço valeu a pena, conseguimos ficar a uns
Conhecemos mais algumas pessoas por lá, tanto de outros estados, como do próprio Rio, e quando a gente falava que tinha vindo de Aracaju, Sergipe, a reação era uniforme: espanto! Todos se espantavam com o fato de a gente ter saído de tão longe só pra ver o Radiohead. Com tanta gente diferente, sugeri a Pedro que tentasse vender alguns EPs recém-lançados de sua banda, a Elisa, mas acabou só distribuindo mesmo. A propósito, se não conhecem, conheçam, eu recomendo. Eles tem myspace, é esse: www.myspace.com/bandaelisabr. Considero música bonita sem ser melosa. Mas bem, após uma longa espera, ao som de um DJ que eu não conheçia, começa o show de abertura do evento e também da volta dos Los Hermanos. Não sou o maior fã deles, mas os acho muito competentes e talentosos, e sinto que têm feeling (característica importantíssima pra mim) quando tocam. Porém, não foi isso que eu senti ao vê-los dessa vez. Achei tudo meio fadigado, sem vontade, sem sal. A galera pareceu ter gostado, pelo menos a maioria, mas percebi que alguns sentiram o mesmo que eu, ou seja, não sentiram. Em seguida, mas não tão em seguida assim, tive a oportunidade de ver um dos shows mais estranhos e ao mesmo fascinantes que já vi: Kraftwerk. Alemães que são considerados pioneiros quando se trata de música eletrônica, começando lá pelos anos 70 (!), programando musiquinhas
A tão aguardada, tão ansiada, tão suada apresentação da maior banda de música alternativa dos anos 90 pra cá, quiçá de todos os tempos. Depois de tanto protelarem pra entrar no palco, o Radiohead iniciou o show. Meu deus-que-não-sei-se-acredito, caralho! Tudo, absolutamente tudo que foi de problema que eu tinha em minha cabeça se evaporou de uma forma única. Eu não conseguia ver mais nada, só aquelas luzes ofuscantes que entravam por meus olhos e numa sintonia peculiar com a música que adentrava meus ouvidos, me levavam a um estágio de puro transe. Eu ora parava e ficava olhando, estático, a cada um deles, ora enlouquecia, e começava a me debater, dançando freneticamente de olhos fechados. Era lindo demais, puta que pariu. Cada trago que eu dava em cigarros "compartilhados" com outros fumantes da platéia, entravam pela minha garganta e saíam pela minha boca embalados pelas batidas fortes da música do Radiohead. Thom Yorke tem uma presença de palco surpreendente, vibrante, mas era o Jonny Greenwood que me chamava mais a atenção, tanto pelas performances quanto pelo estilo de tocar mesmo. Desde sempre, inclusive. O ápice de minha admiração por ele se deu no dado momento em que ele conseguiu a façanha de tocar sua guitarra e ao mesmo tempo tocar teclado com a mão da guitarra! Foda. O show foi passando, eles foram mesclando clássicos com músicas menos conhecidas, mas não menos conhecidas para fãs de verdade... Paranoid Android, Everything In Its
Creep. Foi com ela que eles terminaram o show. Perfeito. Quase 30 mil pessoas (foi o que eu soube) em coro cantaram verso a verso a música que mostrou o Radiohead pro mundo e que foi a primeira deles que me deparei também. Antes mesmo da famigerada "música do Carlinhos", a bela Fake Plastic Trees, que eles não tocaram no show.
Tenho quase certeza que não vou presenciar um momento tão bonito como aquele tão cedo na minha vida. Foi lindo. Valeu muito a pena. Toda a viagem, na verdade.
É, escrevi demais, mas agora, fudeu. Culpem Leno, a ideia foi dele.
http://gomorra69.blogspot.com/2009/03/saga-radioheadiana-de-um-gomorrense-no_26.html
(nesse link tem esse mesmo texto, apenas com o adendo dos comentários (quase) sempre motivadores de Wesley)
Enfiando minha cabeça no rádio - Parte I

Como todo mundo aqui deve saber, eles vieram pela primeira vez ao Brasil. Shows em São Paulo e no Rio. Fui pra esse último. O Rio é o último a que me refiro aqui no texto, mas cronologicamente foi o privilegiado primeiro lugar a receber os venerados ingleses. O show se deu na Praça da Apoteose, o famoso sambódromo onde as escolas de samba cariocas desfilam bundas lindas e glamour anualmente (sem trocadilhos). Há um bom tempo, fiquei sabendo desse show, e assim que soube, fiquei muito tentado a ir. Viajar pra outro estado e esse estado sendo o Rio de Janeiro é que era o problema. Não por preocupações de cunho social causadas pela mídia sensacionalista brasileira, longe disso, os impecílios eram os custos de passagens e a estadia. Ganho um pouco mais de um salário mínimo onde trabalho e tinha um monte de dívidas pendentes em cartões de crédito. Coisa de pobre que não pode meter dois conto no bolso que já se endivida. Meus pais não tinham condições suficientes pra bancar uma viagem dessas por completo. Eis meu dilema. Enfim, tinha que dar um jeito: separei uma grana, tratei de comprar logo meu ingresso de meia-entrada, arrumei uma pessoa pra ir comigo, e aí então, só me preocupei em saber como iria e onde ficaria. Eu tenho uma tia que mora no Rio, em Copacabana, mais precisamente. Só a vi uma única vez na minha vida, e isso aconteceu quando ela veio aqui pra Aracaju nos visitar há sei lá quantos anos. Pronto, este foi meu primeiro e último contato com ela até então. Radiohead tocando no Rio e uma tia que mora no Rio... bingo! Perfeito (mas não é o simpático Rafael Baiano desta vez)! Já tinha achado um canto pra me aconchegar por lá. E bem, isso significava, além de uma suposta segurança, economia de grana pra gastar lá também, né? Teoricamente, tudo resolvido, tudo no seu lugar. Falei então com minha mãe pra que ela falasse com a minha tia e a comunicasse da minha ida. Ressaltei que havia um amigo que iria comigo. Minha tia não tem filhos, e segundo minha mãe mora numa casa grande, só com seu marido, um cidadão que mais parece o inestimável Agostinho de A Grande Família - sim, o seriado da rede Globo - , com aquelas roupas de bicheiro e colares de prata. Da vez que ele esteve aqui, não o achei engraçado como a personagem interpretado pelo Pedro Cardoso, mas tudo bem, eu o suportaria. Minha mãe relutou um pouco em aceitar essa viagem (aaaah, mães! Todas elas, genéticas ou adotadas na rua!), mas findou aceitando.
Com uma promoção da TAM em vista e a certeza da hospedagem familiar no estado em que o Radiohead tocaria, segui minha vida planejando, acertando detalhes, e esperando os meses passarem até que o dia da viagem chegasse. E o dia chegou. Mas antes, dois dias antes, foi quando minha querida mamãe resolveu pegar o telefone e ligar pra minha tia. Isso, DOIS DIAS antes da viagem marcada na última quinta-feira, minha progenitora me faz esse favor. Eu já tinha pedido a ela pra fazer isso há séculos, mas, mais uma vez nesta vida, ela não me ouviu. Pois é, aconteceu isso que vocês tão pensando mesmo: minha tia, que descobri tardiamente que é uma medrosa e frustrada de marca maior e que mora na "cidade maravilha" por puro status, vegetando vida, mal saindo de casa, com pavor de que a violenta Rio de Janeiro roube seus pertences valiosos (quanta mediocridade, meu deus-que-eu-não-sei-se-acredito. Minha mãe disse que ela raramente sai com seu carro de casa, com medo da bandidagem!), me deixou na mão (calma, eu não iria comê-la) e disse que viajaria na sexta, não podendo assim me receber em seu suposto belo lar. Legal, né? Raiva foi um sentimento que eu não senti, imaginem. Desespero também não, cês acham? Enfim, discuti com mama e depois fui pôr minha cabeça no lugar pra pensar no que fazer. Tentei ajuda com uma amiga minha que é de lá mas que tá aqui. Não consegui muita coisa, ela morava em Campos lá no Rio, não tinha conhecidos de confiança na capital. Fui na internet atrás de albergues, pousadas, motéis, qualquer coisa que me custasse pouco dinheiro e que ao mesmo me proporcionasse possíveis oportunidades de prazer além do show. Depois de muita pesquisa, Pedro Yuri, o amigo que me acompanhou na viagem, lembrou da sugestão de seu pai, sobre um hotel meia-boca que fica na Lapa, e que estava no mesmo valor da maioria dos lugares que a gente tinha pesquisado. Fechou. Hotel Carioca, se chama. Com tudo decidido, de certeza, agora, saímos daqui por volta de 4 da tarde da quinta-feira à caminho do Rio, à caminho do Radiohead!
http://gomorra69.blogspot.com/2009/03/saga-radioheadiana-de-um-gomorrense-no.html
(nesse link tem esse mesmo texto, apenas com o adendo dos comentários (quase) sempre motivadores de Wesley)