sábado, 8 de novembro de 2008

Do espelho comprado a alto custo na mão dos outros e que reflete a imagem que eu vislumbro de mim sobra sempre pouco demais do que eu queria que fosse essa imagem. É impressionante como sempre eu consigo quebrá-lo em partes indesejavelmente desproporcionais.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Onde os velhos não tem vez

Andei pensando e percebi que eu não tinha atentado pro fato de que essa estória de "Rock Reunion No More" não ficou muito clara. Bom, vamo lá: Lá no primeiro post, eu disse que esse blog, quando criado, tinha o intuito de falar sobre a vertente musical que até hoje chacoalha meus ossos, saculeja minha alma e destrói/constrói minha razão, e disse também, que posteriormente, mais precisamente do supracitado primeiro post pra cá, eu tinha resolvido abrir o leque de assuntos a serem SERIAMENTE tratados aqui neste espaço virtual. Eu enfatizo que será SERIAMENTE porque quem me conhece sabe que eu sou na maior parte do tempo um rapaz que leva as coisas muito muito a sério. Bem, continuando, vou tentar explicitar agora o que me fez, lá nos primórdios, pensar em criar este blog e o porque de não alterar o seu nome já que agora ele não prestará serviços de utilidade pública SÓ ao rock.

O rock 'n' roll, quando na sua ascenção, quando no seu boom, lá pelos anos 50 e tal, entre a molecada esperta (pronuncie com sotaque malandro carioca) e revoltada com sua condição socio-econômica e/ou familiar - ou, muitas vezes, revoltada com causas que nem sabia de onde vinham nem pra onde iriam, apenas queriam pagar de rebelde porque ser rebelde é estáile -, nunca imaginaria-se em algum futuro com rugas ao se olhar no espelho. Certeza isso. Se o rock SEMPRE propôs uma postura jovial e descolada para a música diante da sociedade vigente, então realmente não havia como imaginar que ele não fosse feito por meninos e meninas e direcionado para meninos e meninas. Talvez meio excludente e precipitada essa postura, mas assim o era. Bom, partindo dessa premissa de que o rock era música de/para quem está na flor da idade, conclui-se que os músicos tinham que compor músicas que se comunicassem com a jovialidade da galera. Som agitado, dançante. Conteúdo ousado, apaixonante. I wanna rock! Uhu. E foi assim que uma das bandas mais fodas que já pisaram nesse planeta fez. Captou a idéia e tratou de mandar ver na pregação da evocação do espírito jovem e contestador através da música. Sim, eu tô falando do The Who. Essa banda ma-ra-vi-lho-sa, que eu pago pau até hoje, que deu à luz uma verdadeira catarse sonora entitulada My Generation e que exemplifica perfeitamente bem o que eu quero dizer. Vou pôr um trecho da letra aqui já já, peraê. Antes disso, eu tenho que dizer que foi essa mesma My Generation que me fez repensar uma monte de coisa acerca de princípios do rock, e depois acerca de outros princípios também. Eu vi o The Who tocando My Generation pela primeira vez - uma música da década de 60, detalhe essencial a ser frisado prum melhor entendimento do que eu tô falando - , numa apresentação deles promovendo o retorno da banda às atividades glorificadoras do rock. Cá nos anos 2000 já. E aí que tá. Pôu e pá. Vamo lá, vamo colocar um trecho da letra aqui agora pra ilustrar melhor esse bereguedê.

"People try to put us to down
Just because we get around
Things they do look awful cold
Hope I die before I get old"

Aportugueizando:

"As pessoas tentam nos botar pra baixo
Só porque estamos por tudo que é lado
As coisas que eles fazem parecem terrivelmente frias
Espero morrer antes de ficar velho"

Beleza. Agora imagine um coroa na faixa de seus 50 anos, melhor dizendo, um não, vários coroas proferindo entusiasmados versos como estes. No mínimo, contraditório. Poizé, foi o que achei também. O The Who é até hoje uma banda foda demais, foi inovadora e tudo mais. Mas se tem uma coisa que eu desprezo no rock é isso de seus protagonistas que há tempos estavam parados, vivendo dos royalties dos seus famigerados trabalhos, decidirem voltar pra uma reuniãozinha saudosa. Que coisa mais deprimente, velho. Agora, pra não ser injusto com o The Who, eu queimo também o filme de outras bandas igualmente fodas que já andaram fazendo o mesmo: Sex Pistols, Led Zeppelin, ... ah, agora me deu um branco. As ruins - e você pode incluir aí essa retomada oitentista brasileira nesse bolo - eu nem cito, porque eu não gosto de usar mal a minha memória. Triste. Muito paia. Mas pra não parecer tão implicante, eu mostro que há um porém nessa observação toda. Tem critério essa minha crítica. E o critério é que pra não ser vergonhoso tal "retorno", a coroada pelo menos tem que ter sua volta triunfal com algum material novo, né, e não ficar só remoendo sentimento de nostalgia pro público afetadinho. Aí já vão ser são outros quinhentos, hehe.

Foi aí que eu calculei: Como essa estória toda dá pano pra muita manga para além música, acho cabível tratar "Rock Reunion No More" como metáfora pra um tantão de coisa.

Hey ho, let's go.