segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Eu ouço, eu leio, eu escrevo, eu vejo, eu sinto, eu tenho.

Mas antes disso tudo, eu bebo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Franzir de sobrancelhas

Um trazer das inconformações observadas.
Absorvidas e lavadas.
E que deixaram resquícios.
Contundência memorativa no ralo.

Eu achei no caminho o que me é inato. Eu achei o caminho que eu te levei naquela madrugada. Deliciando a sinceridade alheia absurda que me faz gozar. Lembrar de lembrar diariamente de não importar todas as obviedades transeuntes que esbarram no meu ombro direito, e que não me exportam clandestinamente nada porque não tem porquê senão o porquê óbvio do individualismo tão justificavelmente dolorido quanto requestionável do ser humano.

Estou nu, só (lo).
É deitado aqui que espero, admiro, (me) encanto,
Estico o perna, vejo cair, mango,
E dou a mão, esperando sempre cair em tentação.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O peso das mãos que antecipam os braços (ou o contrário?)

É no meio de uma imensidão de braços dados que são construídas as veias verdes em que correm o sangue quente e borbulhante de gente que se preocupa (pré-ocupa, se ocupa com algo de antemão, você sabe, né?) com a próxima gente. A próxima gente é você. Você que não se preocupa com a amizade de sua amizade. Mesmo que ela, a amizade de sua amizade, sinta algo por você. Preocupar não é ocupar outros espaços. Eu queria ver beleza em tudo, mas pra isso, os espaços precisam estar ocupados. Sei lá, ainda não consigo ver beleza em buracos vazios. E se eu vou à praia, não é com a areia que eu vou brincar primeiro. Eu tenho um mar bem na minha frente, me regurgitando todas as suas tonalidades. Eu construo o meu castelo com mãos leves, mas cheias de tato, e que sentem falta da imensidão de braços dados. Só que antes da brincadeira começar, eu sempre gosto de encharcar o que esteja aberto com água salgada. Tocar a areia com mãos que já atiraram o mar dentro dos buracos me parece mais proveitoso pro agora e pro depois. O castelo me disse que acha isso também.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Queria que eu parecesse menos

Um dia de hoje, um dia de segunda, dia seguinte a um outro dia, um dia de domingo, um dia de distorção. Um dia de falta de coragem. Um dia de medo. Um dia de chororô besta. Ao meu redor, belezas infindas, esbanjando luz por cima de um corpo que parece estar vestido com uma roupa branca que não consegue absorver luz nenhuma, e só reflete, devolve a mesma luz recebida, sem acrescentar nada. De toda a incapacidade de iluminar quem merece nasce essa frustração covarde. Eu olho e digo que adoro as belezas que me rodeiam, mas minha língua coça pra dizer que as amo. Eu tento... cadê o vento?... eu vou tentar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Acho que Deus disse pra alguém: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida"

Eu não preciso, eu não quero, eu não vou expor minhas verdades. Mas se eu tenho uma verdade minha que foi construída pra você é porque talvez você mereça tê-la. Eu quis essa construção. Você pode não saber segurá-la, guardá-la com vigor e atenção, e vai deixá-la cair ou correr. É melhor que caia porque aí todo mundo pisa. Correndo, nem todo mundo alcança. E a verdade é pra todos. Assim como o nosso país atual o é (né?). Mas também é possível que você saiba segurá-la. E aí, quando eu te der a minha verdade, eu vou poder ir dormir satisfeito e tranquilo por saber que ela está aconchegada em alguma parte sua. Só não sei se isso, essa tranquilidade, vai se dar pelo fato de você saber segurar com afinco a verdade que eu te dei ou pelo fato de eu ter visualizado sobriamente a verdade segura na sua mão. São duas visões distintas, independente de nós, visualizadores, estarmos sóbrios ou não.

Beleza, você merece essa verdade por direito, afinal de contas, eu a construí pensando em te dar. Não é uma verdade pra mim, é pra você. Se fosse pra mim, eu até poderia não querer te dar. Mas como é pra você, e isso se ocorreu com o meu consentimento, eu não preciso, eu não quero, mas eu devo te dar. Se tornou um direito seu. E todos nós temos direito à verdade (né?). Tá lá na constituição do nosso país (eu acho). Que fim você vai dar a ela (sim, você tem o manejamento parcial agora), não interessa. Não interessa a quem vê de fora, porque a mim, que a construí pra você, importa, mas não deve ser tanto se eu for sensato pra entender que agora ela é sua.


Nota: O texto é uma elucubração sobre a verdade e suas relações. Já o título é mais uma piada infame estimulada pela minha falta de inspiração na hora de nomear o texto e por uma conversa via net com um amigo que gosta de redes e mato com dendê. E que acabou fornecendo um sentido inesperado pro texto também. Mas enfim.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Disco novo da Iguana na praça (suja)


Vai ser ainda lançado pro mundo oficialmente, mas a ansiedade musical de muitos ancorada nesse fruto da modernidade que eu considero ser uma liberdade anárquica interrompe o processo de espera que teria seu fim no dia 25/06/2009. Vaza na internet o novo álbum de um dos homens mais polêmicos, atrevidos, influentes e dançantes que já se propuseram a mexer nessa colméia com a alcunha de Rock 'n' Roll riscada na casca: Iggy Pop.

Como a maioria da galera deve saber, eu sou fã incondicional do velho rapazote mostrador de pentelhos e ex-auto-flagelador. Se a palavra "punk" consegue abranger alguma gama de significados e possibilidades, é em Iggy Pop que ela o consegue com maior propriedade. E fervor! Pra deixar a mistura pronta pra explodir!

Acabo de escutar esse álbum-bebê entitulado "Preliminaires" e confirmo algumas críticas que li feitas a ele. É um álbum MUITO diferente da música que Iggy sempre fez. Tá tudo num viés de calmaria e luxo, ao contrário da acidez agressiva e passional característica de anos da Iguana. Muito pouco de rock puro, e muito de jazz, música francesa, blues e até um versão em inglês pra "Insensatez" do Tom Jobim! Muito bom! Iggy já vinha vez ou outra passeando por esses caminhos jazzísticos - que logo me lembram pessoas bebendo, fumando e jogando poker em Las Vegas - há um tempo. Mas nada muito concreto. Agora parece que ele resolveu pôr todas as cartas do baralho na mesa. E joga bem o cara, viu?

Taí o link pra entrar pro grupo de usurpadores prévios da (ainda) iguaria (link provavelmente temporário sabendo-se que já já dão fim nele):

http://www.downloadingall.org/2009/05/d-download-iggy-pop-preliminaires-2009

Se joguem!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Semi-mentos

"Tudo o que você deseja nessa vida independe do que existe." - ele ouviu o seu semi-amigo dizer.
"Cara, eu até concordaria com você se eu não achasse que as duas coisas não são desgarradas" - imediatamente retrucou.

Ao passar pela rua anteontem atravessada em meio a carros desgovernados dirigidos por motoristas febris (todos eles, sem excessões), ele dispunha de uma auto-confiança que por vezes era súbita, menos vezes do que era constante. Naquela hora, a imprevisibilidade desse sentimento não serviu de nada, mas durante uma sessão com sua psicóloga de anos, situação essa que costumava ser comportadora de sua auto-confiança em seu caráter constante, ele percebeu o quão positivamente disruptivo pode-se ser ao sentirmos coisas novas.

Dentro de casa, 2 dias antes de sua consulta, sua semi-amiga justificou o seu desgarro. A culpa foi da cama quebrada há meses ou da repentina decisão de conserto? Ela respondeu.